domingo, 30 de maio de 2010

Fragmentos

Essa história que estou tentando escrever na verdade é composta por fragmentos de um sonho que tive e um pouco das coisas que gostaria que acontecessem. Atualmente o que me faria mais feliz é me ausentar da realidade um tempo, fugir de todos e talvez de mim mesma. Sinto-me sufocada com coisas que não entendo, triste com minha vida e também tentando entender o que é.
"Parece cocaína
Mas é só tristeza
Talvez tua cidade
Muitos temores nascem
Do cansaço e da solidão
Descompasso, desperdício
Herdeiros são agora
Da virtude que perdemos...
Há tempos tive um sonho
Não me lembro, não me lembro...
Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso...
Os sonhos vêm e os sonhos vão
E o resto é imperfeito...
Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira...
E há tempos
Nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
E há tempos são os jovens
Que adoecem
E há tempos
O encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura
Abrigo e proteção...
Meu amor!
Disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem (Ela disse)
Lá em casa tem um poço
Mas a água é muito limpa..."
(Há Tempos -
Legião Urbana -
Composição: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá)

sábado, 29 de maio de 2010

Capítulo 2

Começou então a acordar daquela espécie de torpor em que se encontrava, e o carro estava dando problemas. O casal de velhos parecia não se importar muito com esse fato, e ela começou a ficar ansiosa.
Haviam saído da estrada principal, que era de asfalto e ia dar em um grande cidade, que ela avistou ao longe. Agora, andavam por uma estrada de terra, cercada de plantações e campos. Ela começou a falar com eles e disse:
- Vamos parar ali naquele posto, tem um telefone, eu posso mandar vir um carro nos buscar, senão acabaremos parados no meio da estrada!
O casal ria, pareciam ser pessoas simples e felizes. O homem respondeu:
- Não se importe com esse velho carro! Sempre acaba nos levando aonde queremos!
A mulher se chamava Maria e usava um xale de lã branco parecido com um que sua avó tinha. Lembrou da avó enrolada naquele xale assistindo às novelas da televisão. E pensou em como as coisas podiam ser tão simples, às vezes. Para espantar o frio, xale de lã. Para passar o tempo, televisão. E o dia acabava, e sua avó ia dormir, simples assim.
Estava anoitecendo e, estranhamente, parecia normal ela estar ali com dois estranhos tão amáveis. Na verdade, não pareciam estranhos, pareciam já conhecê-la. Estavam levando-a para sua fazenda. Ela sabia. Tinha uma casa simples lá, bem aconchegante, com um fogão a lenha na sala - que era cozinha e sala ao mesmo tempo.
Como é que ela já conhecia essa fazenda? Isso ela não sabia dizer.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Capítulo 1

Ela acordou e não entendia aonde estava. O homem, de idade já meio avançada, olhava para ela de perto. Aos poucos foi-se dando conta de que estava em um espécie de hospital ou clínica. Não lembrava de como tinha ido parar ali. Mas lembrava de que tinha um marido e uma filha em outro país. E de alguma forma sabia que não precisavam dela por lá.
Outro flash de memória lhe passou pela cabeça e ela viu-se mais velha, e ansiou por um espelho. Queria saber se realmente o tempo havia passado. Não era ela. Era a mulher do homem que estava ao seu lado. E ele queria tirá-la dali.
Dormiu de novo. Era um sono interrompido; cada vez que acordava, sua cabeça era de um vazio total. Aos poucos, se lembrava de alguma coisa. E dormia de novo. Sonhou que andava nos corredores do hospital - ou clínica - em uma maca, às pressas. Viu uma estrada empoeirada onde andavam ela, o homem e sua mulher em um velho carro.
Pensou que poderia ajudá-los de alguma forma. Afinal, ela tinha dinheiro em outro país. E eles pareciam necessitar de muita coisa.

Dentro de casa

Resolvi criar outro blog para falar de coisas que passam dentro da minha cabeça de madrugada, histórias que imagino, coisas que sonho, ideias lá do fundo da alma, desvarios, e tudo que me der vontade.
Quando criei o blog Mulher de 40, comecei falando de mim e do que gosto, e, conforme o blog foi crescendo e ganhando visibilidade, passei a me importar mais e mais com a qualidade dos posts, em agradar os leitores, e a vaidade me ajudou a querer "aparecer" mais e mais.
Assim, certas coisas mais obscuras me parecem ser desagradáveis para as pessoas, e não falo. Mas em mim há uma necessidade cada vez maior de escrever e escrever. Às vezes acordo de madrugada com sonhos completamente malucos, e tento fixá-los na memória para contar depois... mas eles se vão...
Hoje consegui gravar um sonho... não me importei em perder o sono e em ficar pensando no que havia sonhado e em como poderia transformar tudo aquilo em palavras. Infelizmente apenas quando estou assim, acho que dizem "em alfa", as ideias correm livremente pela minha cabeça, e eu gostaria de ter um pen drive plugado no cérebro para gravar tudo o que voa em minha mente.
Aqui, não quero me preocupar em ser popular, embora não ache que isso seja uma coisa ruim, é uma característica bem humana, enfim. Quero abrir as asas e voar com minha mente, minhas loucuras, meus devaneios. Quero procurar o meu lado mais obscuro. Quero entrar para dentro da minha casa!