Começou então a acordar daquela espécie de torpor em que se encontrava, e o carro estava dando problemas. O casal de velhos parecia não se importar muito com esse fato, e ela começou a ficar ansiosa.
Haviam saído da estrada principal, que era de asfalto e ia dar em um grande cidade, que ela avistou ao longe. Agora, andavam por uma estrada de terra, cercada de plantações e campos. Ela começou a falar com eles e disse:
- Vamos parar ali naquele posto, tem um telefone, eu posso mandar vir um carro nos buscar, senão acabaremos parados no meio da estrada!
O casal ria, pareciam ser pessoas simples e felizes. O homem respondeu:
- Não se importe com esse velho carro! Sempre acaba nos levando aonde queremos!
A mulher se chamava Maria e usava um xale de lã branco parecido com um que sua avó tinha. Lembrou da avó enrolada naquele xale assistindo às novelas da televisão. E pensou em como as coisas podiam ser tão simples, às vezes. Para espantar o frio, xale de lã. Para passar o tempo, televisão. E o dia acabava, e sua avó ia dormir, simples assim.
Estava anoitecendo e, estranhamente, parecia normal ela estar ali com dois estranhos tão amáveis. Na verdade, não pareciam estranhos, pareciam já conhecê-la. Estavam levando-a para sua fazenda. Ela sabia. Tinha uma casa simples lá, bem aconchegante, com um fogão a lenha na sala - que era cozinha e sala ao mesmo tempo.
Como é que ela já conhecia essa fazenda? Isso ela não sabia dizer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário