sexta-feira, 9 de julho de 2010

Poço

Dizem que se a gente chegar ao fundo do poço, dali só podemos subir. E que se dermos alguns passos para trás, só se for para pegar impulso e ir para a frente. Pois bem. Acho que estou lá no fundo. Parei de cair. Parei de olhar para o chão. Olhei para cima, e lá vi uma luzinha... miragem?

A luz que eu vejo me seduz. Por vezes, passa uma nuvem, às vezes branquinha, às vezes cinzenta e carregada. Nesse poço ainda me sinto protegida. De mim mesma. Porque realmente faço coisas que me dão medo. Não me entendo, também, por vezes. Mas já paguei a conta do analista "pra nunca mais ter que saber quem eu sou".

Na verdade, algumas coisas sei sobre mim, porque se repetem. Não há como não ver. Também se eu digo que sou assim, acabo sendo assim. Mas gosto de minha companhia, na maioria das vezes. Me divirto estando só, com meus pensamentos, sonhos, loucuras, e gosto de ser diferente.

A única coisa que realmente me incomoda é o lugar em que vivo, onde as pessoas me veem como louca. Lugares maiores: lá, a gente pode andar como quiser e tudo é normal. Se você senta no meio-fio, ninguém fica te olhando. Ninguém analisa sua roupa, nem se você caminha cantando pela rua. Nem te julgam pela tua idade, se você tem um comportamento adequado  para a sua idade. E isso até os mais jovens fazem em cidades de mentalidade pequena como a minha.

Aqui é o poço. E dele, estou começando a sair. Me aguardem. A vida me aguarda.

Um comentário:

Leonardo Amaral disse...

Verdadeira lição; só se para de cair no oceano se você chegar ao fundo pra dar impulso pra cima.