quinta-feira, 22 de julho de 2010

No quarto

Gosto de dormir no quarto de minha filha, de vez em quando. Porque adoro dormir sozinha. E adoro dormir sozinha num quarto pequeno, fofo. E acho que adoro dormir aqui porque me sinto com 12 anos de novo.

Por motivos que aqui não interessam, até essa idade, eu dormia no quarto da minha mãe. Tive, quando menor, um quarto junto com meu irmão, também. Mas sempre quis ter o MEU quarto. Quando consegui, foi um dos melhores dias da minha vida. Um daqueles dias que a gente grava na memória.

O quarto era pequeno como esse aqui, mas nem de longe tão arrumadinho e cheio de brinquedos. Com 12 anos eu já não brincava mais também. O quarto tinha a minha cama de solteira, o guarda-roupas que tinha sido de meu pai quando ele ainda era casado com minha mãe, e um tapete.

Tinha também uma pequena caixa de madeira, com chave, que eu fazia de mesinha de cabeceira. Guardava ali meus pequenos tesouros: meus poucos livros, aqueles caderninhos que a gente fazia questionário ou  que dava para os amigos assinarem com alguma dedicatória, e algumas bijouterias.

Em cima dessa caixa havia um tesouro maior ainda, que não sei aonde foi parar. Era um relógio daqueles de corda, que faziam tique-taque, e despertava com o barulho de uma caixinha de música. Muito antigo. Verde clarinho. Com a foto de minha mãe e meu pai abraçados, ainda namorados.

O tal relógio não funcionava. Eu, fuçadeira igual a meu pai, desmontei o relógio e mexi até arrumá-lo. Que maravilha era acordar nas manhãs frias para ir para o colégio com aquela musiquinha tão delicada.

E aqui, agora, no quartinho da minha filha, me sinto com 12 anos de novo. Eu já escrevia. Em cadernos velhos, em folhas soltas. Está tudo guardado. Talvez qualquer dia eu abra meus guardados. Quem sabe para tentar descobrir aonde foi parar aquela menina tão cheia de sonhos...

3 comentários:

Eduardo Dalla Costa Rodrigues disse...

Quão belo são os sonhos da infância, quão belo são as recordações da época em que a vida era só sonhos, porém a criança cresce e os sonhos se acomodam e dão lugar às preocupações, mas vez ou outra, conseguimos trazer á tona os sonhos e vontades da criança adormecida que há e sempre haverá dentro de nós.
Sonhe sempre a vida nos permite.

fatti navarro disse...

eu tb as veses adoro dormir no quarto do meu filho acho tão suave!acho que volto a ser solteira kkk

bjãoooooo,adorei aqui tb!

Anônimo disse...

Lindo